terça-feira, 24 de abril de 2012

Memórias póstumas de Anita Glaudino.

 Eu estou deitada nessa cama e não consigo me levantar, toda vez que tento acabo caindo. Quando eu estava no Rio não senti nada, mas dentro do avião começaram a surgir os primeiros espirros. Todos me olhavam com uma cara de medo, eu acho que isso é resultado das gripes de não sei das quantas. Quando sai a gripe equina mesmo?
 Marcos foi comprar remédios. REMÉDIOS DE VERDADE, LEU? NADA DE DROGAS. Ele ainda nem contou como foram os dias dele sem mim. Devem ter sido melhores. Pelo menos ele não precisou cuidar de ninguém, deve ter curtido muita breja com os amigos. Espero que sim.
 Eu tive pesadelos com aquela "Reunião familiar", eu até agora me arrepio toda com as caras, com aquelas bocas salivando pela casa. Eu acho que eles não entenderam que só tinham 3 opções. Devem ter criado uma expectativa naquele testamento ridículo. Minha vó riu da cara de todos, grande vó Alice.
 Isso já é passado, preciso pensar no que escrever amanhã para a revista. Pelo menos não terei reunião com o povo de lá, isso só será semana que vem.
 Agora eu espero o Marcos voltar com os remédios para tentar me levantar daqui. Cansei de ver esse teto.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Do you know me, dude?


"Eu não peguei atalhos
Eu gastei o dinheiro que tinha economizado,
Oh, mamãe, está sem muita sorte
Como minha irmã, não dá a miníma."





Reunião familiar parte 4.

E a casa vai para...Dona Carmem.
Confirmaram o óbvio ou o quê? Dentre 3 opções só poderia ser aquela que por erro divino é a minha mãe.
Ainda bem que terminou.
Não curti a night com a minha tia.
Estou gripada, estou com febre, mas o meu marido está cuidando de mim como se eu fosse um bebê. Tenho que aproveitar essa ultima gota de Marcos que tenho essa semana.


Depois escrevo mais.

sábado, 21 de abril de 2012

Nossa conversa virou post.

 Olá, Drª  Claudia, resolvi que aquilo que conversamos ontem pelo telefone virasse um post. É que o jeito que eu falei sobre mim foi tão bom, mais tão bom que me surpreendi.
 Leia:

-Como está sendo esse tempo aí no Rio, Anita? Li que você está tentando não fugir da situação e achei isso muito bom.


-Estou tentando? Não consegui fugir. Eu penso em desistir, penso em ir embora para o meu lar, me trancar no meu quarto junto com os meus "remédios". Eu ainda não sinto preparada para enfrentar a fera de frente.


-Quem é a fera?


- Minha mãe.


-Você não disse que não se importava com ela?


- Eu finjo o tempo todo não ser gente. Eu digo que não sinto, não odeio, não amo. Eu tenho dificuldade enorme em ser ser humano. É complicado. Dói, não gosto de sentir dor, ninguém gosta. Eu não sei se com as outras pessoas é assim e é isso que me dói mais. Será que sou estranha? Como vocês sobrevivem?


- Todos fingem, Anita.


- Fingem, mas não fogem. Eu já não sei para onde eu devo ir mais, porque agora tenho o Marcos para me segurar. Se eu pudesse, fugir desse país...


- Os problemas irão te acompanhar. Você sabe disso, sabe tanto que usa drogas. Fico feliz em saber que você parou com isso. Agora, você deveria beber menos e fumar menos também.


-Eu deveria fazer tanta coisa, mas não faço. Preciso dessas muletas, preciso muito delas...


Linda conversa.



sexta-feira, 20 de abril de 2012

Reunião familiar parte 3

 Cheguei de táxi numa chuva digna de um dilúvio. Sinal divino, alguns diriam, mas prefiro não pensar em nada disso. E eu não conseguia achar o dinheiro para pagar o taxista que soava e tinha cara de porco. "Mal chego e passo vexame", pensei logo. Mas aí achei a grana e percebi uma enorme quantidade de gente conhecida esperando na chuva para que abrissem o portão do fórum. Querido passado, vá para o inferno!
 Eram tias, tios, primos e primas, com alguns eu até falava e com outros eu nem fazia questão. Cumprimentei todos de forma rápida para evitar comentários, perguntas e chatices. Não encontrei a minha mãe, mas dei de cara logo com o meu pai. O cara fez muita merda, mas eu não sei odiá-lo de jeito algum. Fui correndo como uma menininha de 10 anos, abracei-o forte e ele bagunçou o meu cabelo. Perguntou se estava bem e o que eu achava dessa situação tão chata, nem respondi, continuei apertando o meu pai fazendo daquele lugar feio e frio um outro, só que mágico.
 Aquele momento de calmaria logo passou quando a Dona Carmem chegou com a filha Sônia, vamos esquecer essa coisa de mamãe, filhinha e irmãzinha, nunca me amaram, não tem porque eu ficar com essa doçura toda. Pareciam dois urubus, não era a cor da vestimenta, mas pela cara de fome na carcaça da minha vó. Eu comecei a soar frio, meu pai percebeu e disse baixinho "Keep calm, baby". Obedeci. É muito complicado tudo isso para mim, entende? Eu odeio muita gente e não tenho vergonha disso, mas eles não são sangue do meu sangue, ninguém me pariu; eu não me conformo com esse ódio da minha mãe. A minha irmã é uma burra que nem quis saber da minha versão nessa história toda. Burros só fazem burrices.
  Elas chegaram e as parentadas foram todas para o lado delas. Nojo daquele povo. Eles viram anos aquela mulher me agredindo e não fizeram nada, achavam que os erros do meu pai deveriam ser pagos por mim. Os parentes cochichavam olhando para o meu lado eu apostaria a minha alma que eles estavam falando o quão errada sou.
  Aquela tortura só me fez lembrar dos tempos de escola quando as menininhas, as patricinhas. Ficavam falando e apontando para mim como se eu fosse um ser de outro planeta. Elas tocavam na minha jaqueta cheia de rebites com uma cara de nojo, porque eu era um ser inferior. É impossível não lembrar disso.
  Tomei coragem e fui falar com elas, até diria que tomei burrice e fui falar com elas. Aquelas caras de nojo, aquele lugar tão estranho. Perguntei como ambas estavam e se o showzinho estava bom, minha mãe respondeu que só falaria comigo lá dentro.
 


Tem mais nos próximos capítulos...

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Falando em Tia Rita.

 Eu deveria ter uns 15 anos, foi nessa idade que arranjei um namorado. Ele era mais velho do que eu, digo, 16 anos mais velho.
 Ele morava na frente da casa da Tia Rita e era sempre ali naquela rua em que o vidro do carro dele embaçava (entende?).
 Certo dia, titia resolveu ficar na calçada. Era engraçado ver aquela figura baixinha jogando a fumaça no ar, com a mão na cintura e batendo o pezinho. Saí do carro com o cabelo bagunçado, maquiagem borrada e com cara de cansada, fui em direção à ela, porque eu sempre acabava dormindo lá para ficar perto da casa do meu namorado. Tia Rita me olhou bem  e perguntou:

- Já está parando na pista, Anita? 

 Eu nem entendi a expressão naquela época, eu só conhecia a música do Raul Seixas, mas nem sabia o significado.
 E eu respondi:

-Como é, tia? Tá tudo bem, não paramos na pista não. Ninguém quer morrer.


Ela balançou a cabeça como se tivesse negando algo e me deu um cigarro de sua carteira. Sabia fazer 'aquilo', mas não entendia, tão menina!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Reunião familiar parte 2

 Estou no Rio de janeiro, minha cidade maravilhosa, lugar aonde eu posso falar "fosssshhhhhhoro" sem que ninguém me olhe estranho. Essa brisa do mar desentope as minhas narinas, faz o meu cabelo balançar e esquecer o que devo fazer aqui. Saco!
 Saí bem cedo de São Paulo, nem tive tanta vontade de acordar. O Marcos levou café na cama e me pediu para eu ter paciência que só era uma reunião babaca. Vou fazer o que ele me pediu, afinal, tem razão, eu até acrescentaria mais uma coisa: Reunião babaca com gente babaca.
 Não tenho um puto para pagar a minha hospedagem, mas tenho a minha tia Rita. Tia solteirona, loiraça, bebe cerveja para caramba e é muito louca, nem parece ser irmã da minha mãe. Ela sempre me contava as histórias dela com ex-namorados, de quando tirou umas fotos nua e de como todo mundo a julgava mal. Tia Rita era a melhor filha da vó Alice e recebeu a casa que ela mora hoje como herança dos anos que cuidou dela.
 Tia Rita não vai participar da reunião, achou desnecessário. Acha que vai ser uma coisa muito punk e que o que é dela de direito já tem em mãos. Certa ela. Mulher alegre, longe das caretices desse mundo, nunca que vai gastar seu rebolado indo num lugar cheio de gente com a energia turva. Atitude de mulher superior.
 Perguntei se ela estava namorando, ela respondeu que a coisa anda complicada. Tem muito garotão se achando esperto e muito coroa pé rapado. Eu ri como há tempos não ria. Disse à ela que anda precisando sair um pouco comigo e que quando terminasse essa de herança a gente ia curtir uma night juntas. Tia Rita soltou um "Urruul" e foi lavar uma penca de roupas, que segundo ela, estava há uma semana lá.
 Enquanto estou aqui relaxando, tomando uma cerveja e fumando o meu cigarro, fico imaginando o que a minha mãe e a minha irmã estão tramando contra a mim. Vão dizer que sou a filha que abandonou a família, que usa drogas e bebe pra caralho. Honestamente? Se eu ficar com a casa da minha vó vou vendê-la e a grana vou doar para algum hospital que trate pessoas com câncer, doença qual levou a minha vó. Não faço questão nenhuma dessa grana maldita, eu tenho o meu emprego, a minha casa e uma graninha do meu marido. É certo que ganho pouco com o que faço, mas pelo menos sou feliz.
 Preciso parar de beber agora, porque hoje temos a primeira parte da droga da reunião e eu não que chocar todo mundo.
 Estou aqui dando uma de Tia Rita, mas na verdade está sendo tudo complicado para mim, Drª Cláudia.
 

Reunião familiar parte 1

 Ontem a minha mãe me ligou. É, ligou. Ligou com a maior arrogância pedindo para que eu fosse para o Rio na reunião que terá por conta da venda da casa da minha vó Alice. Disse que preciso levar toda a minha documentação e que o irresponsável do meu pai estará lá também.
 A casa da vó Alice é uma encrenca, ela deixou a casa para a minha mãe, minha irmã e eu, mas fez isso de boca, talvez nem conste no testamento. Eu não sei porque o meu pai entra na história, já que a minha mãe já era casada com o meu padastro quando vó Alice morreu.
 Quando a minha avó morreu, eu queria ir junto. Ela sempre me defendia das coisas que a minha mãe e meu padastro faziam comigo, foi ela quem me criou dos 15 aos 17 anos. Nunca criticou o meu estilo de vida, nem meus amigos e nem muito menos os meus namorados, mas ela pedia sempre para eu tomar cuidado e ficar esperta com o mundo. Conseguiu ser mais mãe do que vó, sabe? Eu sinto tanta falta dela, queria tanto tê-la aqui todo fim de tarde para gente tomar um licor qualquer e conversar sobre coisas que só falava com ela.
  Fez falta nesses últimos 3 meses, muita falta.
  A minha mãe me odeia com todas as forças, na verdade, o ódio que ela sente pelo meu pai faz ela reagir assim. Seu José (meu pai) se casou com a minha mãe quando ambos tinham 16 anos, ela ficou grávida 1 ano depois. Eu nasci. Meu pai conheceu uma outra moça linda e amável, pediu separação. Minha mãe não quis se separar e os dois viveram juntos por 6 anos. Eu vi todos os tipos de agressões em casa, ele batia nela e ela batia nele. Meu pai nunca me agrediu, mas a minha mãe me batia sempre que eles brigavam. Aí dona Carmem (minha mãe) conheceu Reginaldo (meu padastro), que por sinal era amigo do meu pai, os dois se casaram e pouco tempo depois ela apareceu grávida. Quando nasceu  a minha irmã a minha vida se tornou um inferno, eu sei que irmãos mais velhos sofrem e tal, mas a minha mãe fazia questão de dizer que a Sônia (minha irmã) era a filha perfeita. Meu pai foi morar em Angra e quis ficar com a minha guarda, mas foi em vão. Fugi de casa várias vezes e acabei ficando na casa da vó Alice.
 Se você fez bem as contas ou se lembra que tenho um sobrinha, deve ter achado muito estranho o fato de eu ter uma sobrinha de 13 anos e a minha irmã ter 26. Acontece que Sônia se casou aos 22 anos e o marido dele já tinha a Lila. Quando eu vi a Lila pela primeira vez, eu consegui me ver na idade dela e ela me viu aos 30 e poucos, ficamos amigas, ela me chama de tia e me respeita muito. Minha irmã não gosta disso, diz que a menina é rebelde porque coloco coisas em sua cabeça, mas é tudo mentira. A garota tem personalidade própria. Até agora não voltou para casa, me ligou dizendo que está morando na casa de uma tia dela e que se encontra  feliz.
 Essa reunião será uma porcaria, já sinto. Vai ter briga, fofoca, olho torto e troca de elogios.
 Agora vou tirar um cochilo para mais tarde trabalhar e a noite sair com o maridão.




segunda-feira, 16 de abril de 2012

Anne G.

Sempre quando arrumo o meu apê, acho algo velho. Sério, um desses achei o meu diploma da pré-escola e agora essa carta que eu fiz para o meu melhor amigo na época.
 O Pietro era o típico menino mau da escola, sei lá o que ele viu em mim (problemas), mas nós fomos amigos durante o colegial todo.
 A carta é um pedido de desculpas, pois falei um monte de besteiras sobre a menina que ele queria pegar e tal, chamei-a de vadia e que o Pietro iria ser corno, muito corno. Xinguei a família dela, xinguei o pai que era vereador, xinguei as amigas.
 Ótima época!!
 Nessa época eu era Anne G.
 Entendeu o tamanho do drama?
 Se divirta!


"Olá, querido Pietro!
Eu estou escrevendo essa carta para te pedir desculpas, porque acho que naquela noite falei muita coisa que não devia, acabei te machucando e ferindo muitos outros.
 Você é o homem que eu mais amo na minha vida, cara. Apesar de eu ser esquisita,atrapalhada e mal humorada, eu te amo pra caramba. Por trás desse cabelo roxo existe um coração que está muito ferido pela merda que fez.
 Você sabe que quando bebo só falo besteira e você sabe muito bem que eu não quero que você fique com aquela vadia da Rafaela. Você já me salvou de ficar com caras toscos como aquele Matheus que conheci naquele show. Eu me sinto no direito de te salvar desse tipo de gente, não me entenda mal.
  Se você parar de me amar, quem irá para os shows comigo? Quem vai ouvir The cure abraçadinho comigo?  Quem vai bater na minha cara quando eu tiver eufórica? Quem vai beber e usar aquelas coisas comigo? Quem vai me dizer que estou indo para o lado errado? Me diz!? Você tá comigo nas coisas babacas, nas coisas legais e nas tristes. Eu nem sei imaginar a minha vida sem você. 
  Eu simplesmente não estou aguentando esse gelo todo, penso até em me matar. Aliás, matar o corpo, porque a alma já  se encontra fora. Eu nem sei quem sou mais.
  Me perdoa, Pietro? Você sabe que eu te amo muito e que você é o meu irmão, meu namorado, meu amante, meu mestre e meu guia. Sou apenas uma criança sem rumo quando não te tenho aqui.
 Caso você não me perdoe, fique sabendo que morrerei e essa tatuagem que temos no pulso será a cruz que você levará para o resto da vida!

Eu te amo, Piê.

Beijos, Anne G."

domingo, 15 de abril de 2012

Conclusão sobre a tristeza.

 Nessa altura da vida tirei uma conclusão, não sei se boa, mas pelo menos é uma conclusão. Pessoas são ruins em tirar conclusões sobre suas vidas e eu não fugiria dessa regra. Eu me enrolei toda, doeu a cabeça,chorei, escrevi, apaguei e cheguei em algum lugar: Eu escolhi não ser feliz.
 Quando concluí isso, apaguei todos aqueles problemas anteriores e só lembrei do agora. Ser feliz me parece ser idiota, talvez porque eu ache que a felicidade é algo mais fácil de lidar do que a tristeza. Eu sou preguiçosa. Também não sinto a felicidade como um dever.
  As pessoas se enganam com esses sorrisos bonitos, mal sabem o quanto de tristeza tem ali. Sou triste, sou de verdade. Não consigo imaginar uma pessoa se fingindo de triste porque alguém acha legal, foda. Possa até que tenha  alguns adolescentes retardados que achem isso irado, mas fora isso nada. Agora me diz quem é de verdade? Eu ou aquele monte de gente carnavalescamente feliz?
  É um relato um tanto quanto rabugento, mas não posso maquiar tudo que penso sobre a minha situação atual. Eu não estou na fase de me importar com tanta babaquice, naquilo que vão pensar e tal, acho que na verdade sempre fiz o que bem entendi da minha vida e pronto.
  Ah, o Marcos!
 Marcos resolveu cochilar e ronronar feito um gatinho na nossa cama.
 Meu lindo marido, minha família, meu lar.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ele voltou.

Marcos voltou para colorir esse apartamento
Voltou para fazer do meu corpo sua casa
Voltou para escorregar pelo tapete
Voltou para me trazer de volta a vida.
Eu tenho tanta coisa para contar
Ele tem tanta coisa para falar
A gente sorri sem pensar.
Eu me sinto tão eu quando estou perto dele
Ele me guia sempre.
Ele é tudo que preciso somente,
Ele é a pessoa que me faz feliz.



Esse som diz tanto sobre esse momento.

domingo, 8 de abril de 2012

Meu querido monstro...

...Eu sei que o senhor está cansado de tanto apanhar, mas não posso fazer nada. Eu estou sentindo essas mesmas dores e as pancadas estão cada vez maiores, eu juro que tentei fazer algo e nada adiantou.
 Cada vez que damos um passo para frente alguém nos faz voltar quatro para trás. Você sabe que estamos em um buraco negro outra vez, querido monstro. Não se faça de idiota e tente maquiar tudo. Tudo. Quase tudo, porque esses buracos enormes não são tão maquiáveis assim.
  Não podemos fingir sempre, meu bem. Nem venha me dizer que eu já te escrevi isso antes, eu sei que já fiz, mas o senhor parece que não aprende. Será que escrevo em grego? Não, não. Nós não temos gente sempre para nos dar a mão, aprenda a se levantar sozinho.
 O senhor acha que entende muito de mim, né? Coitado...você nem se entende. É todo cheio de conflitos pessoais, guerras familiares e o escambau. É, escambau, essa palavra ainda existe, eu não quero escrever um palavrão, porque ainda tenho respeito por você e sua cara verde limão.
 E já não chega de humilhação? Já não chega de cantar "Don't go away" na janela daquele filho da mãe? Ele te deixou no frio e sozinho. O senhor foi o brinquedo da estação para aquele menino malvado. Cuidado, ele agora quer arrancar a sua cabeça e dar para os 4 cãezinhos dele comer. Se o senhor ainda continuar se humilhando, eu só desejo que você vire fezes.
 Seja honesto consigo mesmo pelo menos uma vez. Nem te custa. Essa coisa de honestidade só com os outros já está virando atitude de bunda mole. Faça somente o que te faz bem, cara.
  Eu te amo, querido Monstro. Só quero o teu bem, porque se está tudo "ok" contigo, logo, estará tudo "ok" comigo.







sábado, 7 de abril de 2012

Seria bom se eu fosse escrever só sobre o Lollapalooza.

 Eu não quero chocolate, é muito isso? Não é. Chocolate funciona como droga para mim, eu como só para fugir. E isso me engorda e eu estou há uma semana sem usar os remedinhos da felicidade. Feliz? Não, foi horrível, odeio a realidade.
 Agora estou assistindo o Lollapalooza, tomando cerveja, conversando com um cara que eu conheci numa festa e escrevendo. Esse festival está bom, não conheço todas as bandas, mas até as desconhecidas são ótimas.
 Queria um dia ver o meu maridão num desses festivais grandes. Ele todo lindo, soado e tocando. Todo nosso. Amaria vê-lo crescer e ficar conhecido.
 E para terminar o assunto do Lollapalooza (nome legal de falar e horrível de escrever): Temos mais é que ter festivais assim no Brasil, mas lembrem-se, com gente do nosso país.
 Vamos para parte horrorosa do meu dia: Minha mãe me ligou. Eu sei que você deve estar pensando que sou idiota, mas não é bem assim. Eu e a minha mãe não somos amigas, isso é assim desde sempre. Eu sou a filha mais velha do primeiro casamento que não deu certo, a menina que mesmo certa é errada e que não importa o que faça sou a estúpida da família. Eu já me importei muito com isso, eu chorava tanto toda vez que ela falava que queria que eu morresse, e hoje, ah hoje, vivo longe.
 A velha me ligou para dizer que a minha sobrinha fugiu de casa e que a culpada disso tudo sou eu. É. Ela, minha irmã e meu padastro são um porre e a culpa é minha. Eu sei que fiz a mesma coisa quando tinha a idade dela e fiz porque não aguentava aquela vida de apanhar, de ser rejeitada. A Lila (sobrinha fujona) deve ter sentido o mesmo, com certeza. Se ela aparecer aqui em casa eu não vou poder hospedá-la aqui, porque vão falar que sequestrei a garota.
 Essa é a minha vida.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Delirando-me

 Eu estou descolorindo cada dia mais, eu estou vendo que um dia irei virar papel pardo, açúcar mascavo e areia molhada.
 Eu quero sangue para me colorir.
 Eu quero que essa cor que o cabelo ruivo da menina tem. Me beija, oh flor!
 Descobri a que o céu pode ser da cor que eu quiser, e ele pode me colorir também. O sol hoje pode se cor de rosa. Rosa pálida e morta que enfeita o meu lar.
 A dor me quer louca, Drª Claudia, a dor me quer...

terça-feira, 3 de abril de 2012

Dia de merda.


"Por que há tão poucas pessoas interessantes? Em milhões, por que não há algumas? Devemos continuar a viver com esta espécie insípida e tediosa? O problema é que tenho de continuar a me relacionar com eles. Isto é, se eu quiser que as luzes continuem acesas, se eu quiser consertar este computador, se eu quiser dar descarga na privada, comprar um pneu novo, arrancar um dente ou abrir a minha barriga, tenho que continuar a me relacionar. Preciso dos desgraçados para as menores necessidades, mesmo que eles me causem horror. E horror é uma gentileza."
                                                            Charles Bukowski

...............................................Velho Buk, me salve dessa gente......................................

 Eu estou escrevendo da padaria da esquina, fumando,tomando o meu café com leite sem açúcar e vendo o quanto a cidade é cheia de gente sem graça. Um povo que não sabe se fede ou cheira, morre ou mata, come ou cozinha. Sei lá. Eu gosto de prestar atenção na cara das pessoas, porque eu amo criar personalidades para elas, mas esse povo hoje só quer confirmar a merda que vai ser o meu dia.
 O meu vizinho do apartamento ao lado resolveu fazer uma festa daquelas que vão até às 3 da manhã. Rolou muito funk, muito vai cachorra e fica de quatro novinha. Morri. Não consegui dormir. Eles nem levaram em consideração que tem gente que trabalha no outro dia. Agora estou com olheiras enormes e a minha rinite resolveu atacar com tudo, acho que devo começar a me preocupar com o caos externo também.
 Hoje faz um mês que o Marcos se enfiou no avião. Ele me ligou ontem dizendo que já já estaria aqui e que comprou muitas lembrancinhas e me perguntou se ando tirando fotos com a câmera que ele me deu de presente de aniversário. Respondi que estou ocupada escrevendo sobre a minha vida para os outros e que não vejo a hora de vê-lo logo. Ficou feliz pra caramba e eu também. Acho que Marcos ficará feliz com essa minha de levar a analise à sério, ele sempre me disse que isso era necessário.
 E as pessoas dessa padaria só pioram. Eu sempre sento na parte externa aonde ficam os fumantes e os que não querem conversar com ninguém, ou seja, as pessoas passam na calçada olhando para a minha cara acabada de quem não dormiu. Deve ser deveras divertido, né? Mal eles imaginam que a cara de bunda deles é bem pior.
 TPM.
 Eu agora preciso trabalhar, preciso escrever para mulheres que não se libertaram do passado, não conheceram a vida de mulher no século 21. Triste, mas eu preciso de grana.


segunda-feira, 2 de abril de 2012

"Você sacou a minha esquizofrenia e maneirou na condução.*"

 Casada. Sim, casada, eu sei que escrevi que não sabia o que era o amor, mas  quem disse que o casamento só é feito de amor? Nada disso, eu e Marcos temos algo bem maior do que isso: A amizade. Lógico que casei apaixonada, porém com o tempo tudo foi mudando e acabou num relacionamento de irmãos. Para alguns isso é horrível, outros diriam que falta amor próprio, mas nós vivemos bem nessa condição.
 Nós preferimos viver um relacionamento aberto já que ele vive muito tempo na estrada e eu não sou idiota de ficar esperando. Eu não estou dizendo que as outras pessoas que esperam seus respectivos maridos ou esposas são idiotas, mas é que se eu fizesse isso, acabaria me sentindo tola. Ele lá  com groupies gostosas e eu aqui sozinha? Jamais! Quero mais é curtir uma noitada.
 Eu conheci o Marcos numa situação nada agradável, foi em um velório de um amigo nosso em comum. Eu queria um final feliz com um príncipe encantado, ué. Aí ele chegou todo magro, chorando, calçado num All star azul, e eu não resisti. Fui emprestar meu ombro amigo para ele e ele aceitou, depois dali a gente tomou umas falando do nosso amigo. Naquele dia aconteceu o  nosso primeiro beijo e duas semanas depois fomos morar juntos. Rápido.
 Marcos viveu tudo bem parecido com o que eu vivi, por isso a gente se entende bem. Eu sou a família dele e ele é a minha família, porque somos os rejeitados pelo o restante do mundo, pois não vivemos num comercial de margarina.
 Agora ele está em algum desse Brasil, sinto saudades dele e de daqueles barulhos que ele faz pela casa que até hoje nem sei como consegue. Até fumar fica sem graça sem o Marcos, não sei beber vinho sem ouvir aquela risada de moleque.
 Talvez eu até sei o que é amor, mas vamos deixar para lá. Isso é assunto para outro post, Drª  Claudia.



*Só sei dançar com você- Tulipa Ruiz

domingo, 1 de abril de 2012

Conte quantas vezes eu escrevo "eu" e descubra quem sou.

 Eu me vejo sozinha outra vez. Todos estão morrendo em vida, e eu quero viver de algum jeito, pode até ser meio torto, mas cada um sabe o jeito que vive ou quer viver. Desde que não morra. Desde que não seja um zumbi ou parasita ou zumbi-parasita. Medo dessas pessoas que não existem.
 Eu não existo. Comecei pelo meio da história. Sou uma atriz do cotidiano, uma mentirosa que ama se autodenominar.Amo dizer que vivo sem roteiros mesmo sabendo que a vida sem roteiros nada mais é do que frase de efeito e desculpa para ser porra-louca
 Eu já falei da solidão com as paredes brancas de desespero, eu já gritei também. Já conversei com a plantas escrotas e sorridentes e elas só sorriem mostrando a gengiva. Acho que ninguém percebeu que preciso de ajuda urgente ou que quero ser ajudada. Eu preciso de atenção como uma criança mimada de 6 anos.
 Eu preciso de amigos de verdade e não de gente que me chuta como se fosse um cachorro sarnento de olhar doce. Eu preciso de amor e do para sempre. Nunca tive amor de verdade. Tive namorados, sexo, alguns amigos, mas amor nunca. Tenho algumas pessoas que bebem comigo e me tiram do tédio absoluto, mas elas me julgam muito.
 Eu não preciso de gente normal agora. Eu amo gente normal e o jeito no qual se ilude. Eu sou só uma personagem do Tim Burton: Grandes olhos, magrela, pálida e bizarra.
 Eu fujo o tempo todo, bem verdade. Isso começou quando estava na infância, via coisas horrorosas e queria muitas vezes achar um coelho branco que me levasse para o País das maravilhas, não aconteceu. Na adolescência fiz a mesma coisa, só que aí eu descobri outros métodos de chegar em Wonderland e não era um coelho branco, era um amigo tão horrorizado quanto eu com a vida.
  Eu devo estar numa dessas crises, e agora me vejo enfrentando isso de frente sem os meus remedinhos da alegria. Não vejo motivo de esconder isso nessas alturas dos meus 32 anos, eu tenho que publicar isso, porque não faz sentido tatuar na testa algo que todos sabem faz tempo. Não dói assumir nada, só dói a consequência.
  Eu quero pegar um ônibus que me leve para algum lugar menos chuvoso e com gente desconhecida. Eu quero ver o sol nascer, sentir a brisa fresca em meu rosto tocar, brincar com as crianças do interior.
  Crianças. Quero ter um filho e ampulheta está sendo cruel comigo. Eu tenho medo dela nascer igual a mim com esses mesmos defeitos. Não quero que quebre a cara dos mesmo jeito que quebrei.
  Já não sei mais o que escrever sobre mim, logo eu que sempre achei essa atitude tão egocêntrica. Até pensei em não fazer isso, mas de uma certa forma possa ser o começo da ajuda que procuro. Nem tudo que foi escrito aqui foi porque a Dra. Claudia me pediu e eu acredito em analistas...ainda.
  Seja como for, meu nome é Anita Glaudino. Moro numa cidade cinza. Amada pela tristeza e odiada pelo amor.