domingo, 1 de abril de 2012

Conte quantas vezes eu escrevo "eu" e descubra quem sou.

 Eu me vejo sozinha outra vez. Todos estão morrendo em vida, e eu quero viver de algum jeito, pode até ser meio torto, mas cada um sabe o jeito que vive ou quer viver. Desde que não morra. Desde que não seja um zumbi ou parasita ou zumbi-parasita. Medo dessas pessoas que não existem.
 Eu não existo. Comecei pelo meio da história. Sou uma atriz do cotidiano, uma mentirosa que ama se autodenominar.Amo dizer que vivo sem roteiros mesmo sabendo que a vida sem roteiros nada mais é do que frase de efeito e desculpa para ser porra-louca
 Eu já falei da solidão com as paredes brancas de desespero, eu já gritei também. Já conversei com a plantas escrotas e sorridentes e elas só sorriem mostrando a gengiva. Acho que ninguém percebeu que preciso de ajuda urgente ou que quero ser ajudada. Eu preciso de atenção como uma criança mimada de 6 anos.
 Eu preciso de amigos de verdade e não de gente que me chuta como se fosse um cachorro sarnento de olhar doce. Eu preciso de amor e do para sempre. Nunca tive amor de verdade. Tive namorados, sexo, alguns amigos, mas amor nunca. Tenho algumas pessoas que bebem comigo e me tiram do tédio absoluto, mas elas me julgam muito.
 Eu não preciso de gente normal agora. Eu amo gente normal e o jeito no qual se ilude. Eu sou só uma personagem do Tim Burton: Grandes olhos, magrela, pálida e bizarra.
 Eu fujo o tempo todo, bem verdade. Isso começou quando estava na infância, via coisas horrorosas e queria muitas vezes achar um coelho branco que me levasse para o País das maravilhas, não aconteceu. Na adolescência fiz a mesma coisa, só que aí eu descobri outros métodos de chegar em Wonderland e não era um coelho branco, era um amigo tão horrorizado quanto eu com a vida.
  Eu devo estar numa dessas crises, e agora me vejo enfrentando isso de frente sem os meus remedinhos da alegria. Não vejo motivo de esconder isso nessas alturas dos meus 32 anos, eu tenho que publicar isso, porque não faz sentido tatuar na testa algo que todos sabem faz tempo. Não dói assumir nada, só dói a consequência.
  Eu quero pegar um ônibus que me leve para algum lugar menos chuvoso e com gente desconhecida. Eu quero ver o sol nascer, sentir a brisa fresca em meu rosto tocar, brincar com as crianças do interior.
  Crianças. Quero ter um filho e ampulheta está sendo cruel comigo. Eu tenho medo dela nascer igual a mim com esses mesmos defeitos. Não quero que quebre a cara dos mesmo jeito que quebrei.
  Já não sei mais o que escrever sobre mim, logo eu que sempre achei essa atitude tão egocêntrica. Até pensei em não fazer isso, mas de uma certa forma possa ser o começo da ajuda que procuro. Nem tudo que foi escrito aqui foi porque a Dra. Claudia me pediu e eu acredito em analistas...ainda.
  Seja como for, meu nome é Anita Glaudino. Moro numa cidade cinza. Amada pela tristeza e odiada pelo amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário