quinta-feira, 19 de abril de 2012

Falando em Tia Rita.

 Eu deveria ter uns 15 anos, foi nessa idade que arranjei um namorado. Ele era mais velho do que eu, digo, 16 anos mais velho.
 Ele morava na frente da casa da Tia Rita e era sempre ali naquela rua em que o vidro do carro dele embaçava (entende?).
 Certo dia, titia resolveu ficar na calçada. Era engraçado ver aquela figura baixinha jogando a fumaça no ar, com a mão na cintura e batendo o pezinho. Saí do carro com o cabelo bagunçado, maquiagem borrada e com cara de cansada, fui em direção à ela, porque eu sempre acabava dormindo lá para ficar perto da casa do meu namorado. Tia Rita me olhou bem  e perguntou:

- Já está parando na pista, Anita? 

 Eu nem entendi a expressão naquela época, eu só conhecia a música do Raul Seixas, mas nem sabia o significado.
 E eu respondi:

-Como é, tia? Tá tudo bem, não paramos na pista não. Ninguém quer morrer.


Ela balançou a cabeça como se tivesse negando algo e me deu um cigarro de sua carteira. Sabia fazer 'aquilo', mas não entendia, tão menina!

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