quarta-feira, 18 de abril de 2012

Reunião familiar parte 1

 Ontem a minha mãe me ligou. É, ligou. Ligou com a maior arrogância pedindo para que eu fosse para o Rio na reunião que terá por conta da venda da casa da minha vó Alice. Disse que preciso levar toda a minha documentação e que o irresponsável do meu pai estará lá também.
 A casa da vó Alice é uma encrenca, ela deixou a casa para a minha mãe, minha irmã e eu, mas fez isso de boca, talvez nem conste no testamento. Eu não sei porque o meu pai entra na história, já que a minha mãe já era casada com o meu padastro quando vó Alice morreu.
 Quando a minha avó morreu, eu queria ir junto. Ela sempre me defendia das coisas que a minha mãe e meu padastro faziam comigo, foi ela quem me criou dos 15 aos 17 anos. Nunca criticou o meu estilo de vida, nem meus amigos e nem muito menos os meus namorados, mas ela pedia sempre para eu tomar cuidado e ficar esperta com o mundo. Conseguiu ser mais mãe do que vó, sabe? Eu sinto tanta falta dela, queria tanto tê-la aqui todo fim de tarde para gente tomar um licor qualquer e conversar sobre coisas que só falava com ela.
  Fez falta nesses últimos 3 meses, muita falta.
  A minha mãe me odeia com todas as forças, na verdade, o ódio que ela sente pelo meu pai faz ela reagir assim. Seu José (meu pai) se casou com a minha mãe quando ambos tinham 16 anos, ela ficou grávida 1 ano depois. Eu nasci. Meu pai conheceu uma outra moça linda e amável, pediu separação. Minha mãe não quis se separar e os dois viveram juntos por 6 anos. Eu vi todos os tipos de agressões em casa, ele batia nela e ela batia nele. Meu pai nunca me agrediu, mas a minha mãe me batia sempre que eles brigavam. Aí dona Carmem (minha mãe) conheceu Reginaldo (meu padastro), que por sinal era amigo do meu pai, os dois se casaram e pouco tempo depois ela apareceu grávida. Quando nasceu  a minha irmã a minha vida se tornou um inferno, eu sei que irmãos mais velhos sofrem e tal, mas a minha mãe fazia questão de dizer que a Sônia (minha irmã) era a filha perfeita. Meu pai foi morar em Angra e quis ficar com a minha guarda, mas foi em vão. Fugi de casa várias vezes e acabei ficando na casa da vó Alice.
 Se você fez bem as contas ou se lembra que tenho um sobrinha, deve ter achado muito estranho o fato de eu ter uma sobrinha de 13 anos e a minha irmã ter 26. Acontece que Sônia se casou aos 22 anos e o marido dele já tinha a Lila. Quando eu vi a Lila pela primeira vez, eu consegui me ver na idade dela e ela me viu aos 30 e poucos, ficamos amigas, ela me chama de tia e me respeita muito. Minha irmã não gosta disso, diz que a menina é rebelde porque coloco coisas em sua cabeça, mas é tudo mentira. A garota tem personalidade própria. Até agora não voltou para casa, me ligou dizendo que está morando na casa de uma tia dela e que se encontra  feliz.
 Essa reunião será uma porcaria, já sinto. Vai ter briga, fofoca, olho torto e troca de elogios.
 Agora vou tirar um cochilo para mais tarde trabalhar e a noite sair com o maridão.




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