quarta-feira, 18 de abril de 2012

Reunião familiar parte 2

 Estou no Rio de janeiro, minha cidade maravilhosa, lugar aonde eu posso falar "fosssshhhhhhoro" sem que ninguém me olhe estranho. Essa brisa do mar desentope as minhas narinas, faz o meu cabelo balançar e esquecer o que devo fazer aqui. Saco!
 Saí bem cedo de São Paulo, nem tive tanta vontade de acordar. O Marcos levou café na cama e me pediu para eu ter paciência que só era uma reunião babaca. Vou fazer o que ele me pediu, afinal, tem razão, eu até acrescentaria mais uma coisa: Reunião babaca com gente babaca.
 Não tenho um puto para pagar a minha hospedagem, mas tenho a minha tia Rita. Tia solteirona, loiraça, bebe cerveja para caramba e é muito louca, nem parece ser irmã da minha mãe. Ela sempre me contava as histórias dela com ex-namorados, de quando tirou umas fotos nua e de como todo mundo a julgava mal. Tia Rita era a melhor filha da vó Alice e recebeu a casa que ela mora hoje como herança dos anos que cuidou dela.
 Tia Rita não vai participar da reunião, achou desnecessário. Acha que vai ser uma coisa muito punk e que o que é dela de direito já tem em mãos. Certa ela. Mulher alegre, longe das caretices desse mundo, nunca que vai gastar seu rebolado indo num lugar cheio de gente com a energia turva. Atitude de mulher superior.
 Perguntei se ela estava namorando, ela respondeu que a coisa anda complicada. Tem muito garotão se achando esperto e muito coroa pé rapado. Eu ri como há tempos não ria. Disse à ela que anda precisando sair um pouco comigo e que quando terminasse essa de herança a gente ia curtir uma night juntas. Tia Rita soltou um "Urruul" e foi lavar uma penca de roupas, que segundo ela, estava há uma semana lá.
 Enquanto estou aqui relaxando, tomando uma cerveja e fumando o meu cigarro, fico imaginando o que a minha mãe e a minha irmã estão tramando contra a mim. Vão dizer que sou a filha que abandonou a família, que usa drogas e bebe pra caralho. Honestamente? Se eu ficar com a casa da minha vó vou vendê-la e a grana vou doar para algum hospital que trate pessoas com câncer, doença qual levou a minha vó. Não faço questão nenhuma dessa grana maldita, eu tenho o meu emprego, a minha casa e uma graninha do meu marido. É certo que ganho pouco com o que faço, mas pelo menos sou feliz.
 Preciso parar de beber agora, porque hoje temos a primeira parte da droga da reunião e eu não que chocar todo mundo.
 Estou aqui dando uma de Tia Rita, mas na verdade está sendo tudo complicado para mim, Drª Cláudia.
 

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